Inspirados na obra Nove Noites, alunos do Ensino Médio assumiram papéis de juízes, advogados e promotores em simulação realizada na Fadi de Sorocaba
Na tarde de 24 de outubro, o Salão Nobre da Faculdade de Direito de Sorocaba transformou-se em um verdadeiro tribunal. No lugar de magistrados togados e advogados experientes, jovens estudantes da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Politécnico, das unidades Centro e Alto da Boa Vista, assumiram os papéis de promotores, advogados e testemunhas, encenando o Tribunal do Júri Literário, inspirado na obra Nove Noites, de Bernardo Carvalho.
“A atividade, fruto de um projeto interdisciplinar das aulas de Literatura, teve como propósito unir arte, reflexão e conhecimento jurídico, colocando os alunos frente a frente com os dilemas humanos e existenciais que atravessam a narrativa de Carvalho. Cuidadosamente planejado e executado com sensibilidade e rigor, o projeto transformou a leitura em uma experiência viva, concreta e transformadora”, explicou a diretora do Poli, Luciane Durigan.
A obra Nove Noites, que parte do enigmático suicídio do antropólogo norte-americano Buell Quain, em 1939, na Amazônia, foi o ponto de partida para o debate central do julgamento. Entre as bancadas da defesa e da acusação, os alunos demonstraram domínio da argumentação, desenvoltura e emoção, mergulhando nas complexas fronteiras entre culpa e inocência, realidade e ficção, sanidade e desespero.
“O júri seguiu fielmente o formato de um tribunal real, com juiz, promotores, advogados, testemunhas e jurados. O ambiente solene da Faculdade de Direito de Sorocaba, símbolo de tradição jurídica, deu à simulação um ar autêntico e inspirador, tornando o aprendizado ainda mais significativo. O público, formado por professores, alunos, advogados e convidados, acompanhou cada argumento com atenção e admiração”, enfatizou Durigan.
O professor Carlos Eduardo Leite, coordenador pedagógico e docente de Literatura, destacou o caráter formativo da proposta:
“Nosso objetivo é que o aluno perceba que a literatura vai além do livro — ela é uma ponte para compreender o ser humano e suas contradições. Quando a leitura ganha voz e corpo, transforma-se em uma experiência ética, estética e existencial”, afirmou o professor.
Durante semanas de preparação, os estudantes estudaram o enredo, os personagens e o contexto histórico da obra, além de aprender sobre o funcionamento de um tribunal. Nesse processo, desenvolveram oratória, raciocínio lógico e senso crítico, compreendendo que aprender também é se colocar no lugar do outro.
As professoras Cássia Funes e Jordana Romero, orientadoras das turmas, ressaltaram o envolvimento coletivo e a sensibilidade dos alunos. “Cada estudante mergulhou na história, construiu argumentos sólidos e interpretou com emoção. Muitos relataram que subir ao púlpito foi uma experiência marcante — um momento de entender o peso das palavras e a profundidade do texto literário.”
Entre os convidados, cinco advogados experientes participaram ativamente do júri, compartilhando seus conhecimentos e contribuindo para a vivência prática dos alunos. O advogado Mauro Ribas atuou como juiz da sessão. Ele elogiou a desenvoltura dos alunos e ressaltou o papel da escola na formação de cidadãos críticos e conscientes.
O advogado Renan Cortez destacou o desempenho e a entrega dos estudantes: “Foi emocionante ver jovens tão comprometidos e talentosos. O Colégio Politécnico mostrou que essa é uma forma de descobrir vocações e inspirar futuros profissionais.”
O advogado Gilvan Jerônimo da Silva classificou a experiência como “única”, destacando o talento e a dedicação dos alunos: “A forma como o Colégio trabalha a literatura é impressionante. Transformar leitura em prática viva é algo que merece nota 10.”
Já o advogado João Luz Misailidis Lerena relatou que foi uma honra participar e orientar os alunos durante o processo. “Os alunos aprenderam sobre o funcionamento do tribunal, técnicas de oralidade e persuasão. Foi gratificante ver tanta criatividade e maturidade. O projeto aproxima o estudante do universo jurídico e desperta novas possibilidades para o futuro”, destacou Lerena.
A advogada Renata Cristina Neves Fernandes Lara também participou da sessão, contribuindo com sua experiência e sensibilidade. Ela destacou a importância de unir a literatura ao direito como forma de desenvolver a empatia, a argumentação e o senso de justiça nos jovens.
Encerrando as manifestações, a coordenadora Vanessa Antunes de Almeida destacou o impacto humano e pedagógico do projeto. “O Tribunal do Júri Literário representa o que o Colégio Politécnico acredita: o protagonismo juvenil. Ver nossos alunos se expressando com segurança e profundidade é compreender o verdadeiro sentido de uma educação transformadora”, salientou.
Ao final da sessão, o júri popular deliberou com seriedade, e o veredito foi seguido por aplausos e emoção. Mais do que um julgamento simbólico, a atividade representou o triunfo do aprendizado ativo, em que o conhecimento nasce da experiência, da pesquisa e da vivência do texto literário. O Tribunal do Júri Literário do Colégio Politécnico, realizado na Fadi, reafirmou o compromisso da escola com uma educação inovadora, humanizadora e interdisciplinar, que ultrapassa os limites da sala de aula e coloca o estudante no centro do processo educativo. (Da Redação – Jornal Cruzeiro do Sul)







